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segunda-feira, 9 de março de 2015

OS BAMBAS DO SAMBA CLARA NUNES


Clara Nunes - Mundo do Samba

Clara Nunes, trabalhava numa fábrica quando resolveu participar do concurso A Voz de Ouro ABC, em que foi vencedora na etapa mineira e terceiro lugar na final, em São Paulo, em 1959. A partir de então conseguiu um emprego em uma rádio de Belo Horizonte e se apresentava em casas noturnas da cidade. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde gravou seu primeiro disco, com repertório de boleros e sambas-canções. Depois de alguns álbus ainda com gênero indefinido, firmou-se no samba nos anos 70.
Em 74, seu LP vendeu cerca de 300 mil cópias, graças ao sucesso do samba "Conto de Areia" (Romildo/ Toninho). Fio um recorde para a época, que rompeu com o tabu de que cantora não vendia discos e estimulou outras gravadoras que investissem em sambistas (mulheres) como Alcione, que gravou seu primeiro LP em 75 e Beth Carvalho, que transferiu-se para uma grande fábrica, a RCA, em 76. Os discos que se seguiram a transformaram em uma das três rainhas do samba dos anos 80, ao lado das outras duas referidas intérpretes. Clara gravou desde sambas-enredos até composições de Caymmi e Chico Buarque. 
Na segunda metade da década, lançou um disco por ano, todos com grandes vendas e gravações históricas, como as de "Juízo Final" (Nelson Cavaquinho/ Élcio Soares), "Coração Leviano" (Paulinho da Viola) e "Morena de Angola" (Chico Buarque). Ficou famosa também por suas canções calcadas em temas do Candomblé, sua religião, e por sua indumentária caracaterística, sempre de branco e com colares e missangas de origem africana. Morreu prematuramente após uma cirurgia malsucedida, causando consternação popular. Outros sucessos: "Você Passa e Eu Acho Graça" (Ataulfo Alves/Carlos Imperial), "Ê Baiana", "Ilu Ayê - Terra da Vida", "Tristeza, Pé no Chão" (Armando Gonçalves Mamâo), "A Deusa dos Orixás", "Macunaíma", "O Mar Serenou" (Candeia), "As Forças da Natureza" (João Nogueira/ Paulo César Pinheiro), "Guerreira", "Feira de Mangaio" (Sivuca/ Glorinha Gadelha), "Portela na Avenida" (Mauro Duarte/ Paulo César Pinheiro), "Nação" (João Bosco/ Aldir Blanc)


A ORIGEM DO SAMBA


Com presença e mistura de elementos culturais, musicais e religiosos de origens africana e brasileira, surge o samba com uma participação marcante na nossa história. Sem mencionar ainda as suas variações que surgiram posteriormente, na sua forma mais tradicional o Samba é tocado com instrumentos de percussão, tambores, surdos, pandeiro e timbau, acompanhados por violão e cavaquinho.
Simbolizando primeiramente a dança para anos mais tarde se transformar em composição musical, o samba, antes denominado "semba", ritmo de matriz africana que exerceu influência direta na sua origem, foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, lundu, chula, maxixe, batucada e outras diversas nomenclaturas de cunho popular.
O termo "semba" - também conhecido por umbigada ou batuque - designava um tipo de dança de roda praticada em Luanda (Angola) e em várias regiões do Brasil, principalmente na Bahia.
Do centro de um círculo e ao som de palmas, coro e objetos de percussão, o dançarino solista, em requebros e volteios, dava uma umbigada num outro companheiro a fim de convidá-lo a dançar, sendo substituído então por esse participante. A própria palavra samba já era empregada no final do século XIX dando nome ao ritual dos negros escravos e ex-escravos.

Geralmente as letras de sambas contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres. O termo samba é de origem africana e tem significado ligado a danças típicas tribais do continente. Suas raízes foram fincadas em solo brasileiro na época do Brasil Colonial, com a chegada da mão-de-obra escrava em nosso país.
Primeira composição classificada como samba a alcançar o sucesso, "Pelo Telefone" marca o início do reinado da canção carnavalesca. É a partir de sua popularização que o carnaval ganha música própria e o samba começa a se fixar como gênero musical. Desde o lançamento, quando apareceram vários pretendentes à sua autoria, e mesmo depois, quando já havia sido reconhecida sua importância histórica, essa melodia seria sempre objeto de controvérsia, tornando-se uma de nossas composições mais polêmicas em todos os tempos.
Quase tudo que a este samba se refere é motivo de discussão: a autoria, a afirmação de que foi o primeiro samba gravado, a razão da letra e até sua designação como samba. Todas essas questões, algumas irrelevantes, acabaram por se integrar à sua história, conferindo-lhe mesmo um certo charme. "Pelo Telefone" tem uma estrutura ingênua e desordenada: a introdução instrumental é repetida entre algumas de suas partes (um expediente muito usado na época) e cada uma delas tem melodias e refrões diferentes, dando a impressão de que a composição foi sendo feita aos pedaços, com a junção de melodias escolhidas ao acaso ou recolhidas de cantos folclóricos.
Uma das versões de relata que a música foi criada coletivamente numa festa na casa da baiana, residente no Rio, Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, cuja residência era uma pequena África respeitada por todos e que abrigava múltiplas influências, como as dos migrantes nordestinos e de raízes indígenas e européias –, mas registrada por Donga. A composição fala do cotidiano da população da cidade, introduzindo o telefone, meio de comunicação utilizado então por uma minoria.
PELO TELEFONE (1917)

O chefe da folia
Pelo telefone
Manda me avisar
Que com alegria
Não se questione
Para se brincar

Ai, ai, ai
Deixa as mágoas para trás
Ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz
E varás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço
Olhe a rolinha
Sinhô, sinhô
Se embaraçou
Sinhô, sinhô
Caiu no laço
Sinhô, sinhô
Do nosso amor
Sinhô, sinhô
Porque este samba
O chefe da polícia
Pelo telefone
Manda me avisar
Que na carioca
Tem uma roleta
Para se jogar...

Sinhô, sinhô
É de arrepiar
Sinhô, sinhô
Põe a perna bamba
Sinhô, sinhô
Mas faz gozar
Tempos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais do Brasil. Neste período, os principais sambistas são: Sinhô Ismael Silva e Heitor dos Prazeres.

Na década de 1930, as estações de rádio, em plena difusão pelo Brasil, passam a tocar os sambas para os lares. Os grandes sambistas e compositores desta época são: Noel Rosa autor de Conversa de Botequim; Cartola de As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi de O Que É Que a Baiana Tem? Ary Barroso, de Aquarela do Brasil; e Adoniran Barbosa, de Trem das Onze.
Na década de 1970 e 1980, começa a surgir uma nova geração de sambistas. Podemos destacar: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc.
Outros importantes sambistas de todos os tempos: Pixinguinha, Ataulfo Alves, Carmem Miranda (sucesso no Brasil e nos EUA), Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.
Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Os tipos de samba mais conhecidos e que fazem mais sucesso são os da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. O samba baiano é influenciado pelo lundu e maxixe, com letras simples, balanço rápido e ritmo repetitivo. A lambada, por exemplo, é neste estilo, pois tem origem no maxixe.

No Rio de Janeiro, o samba está ligado à vida nos morros e transforma-se no samba-de-roda. As letras falam da vida urbana, dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma amena e muitas vezes com humor.

Entre os paulistas, o samba ganha uma conotação de mistura de raças. Com influência italiana, as letras são mais elaboradas e o sotaque dos bairros de trabalhadores ganha espaço no estilo do samba de São Paulo.
Principais tipos de samba
Samba-enredo
Surge no Rio de Janeiro durante a década de 1930. O tema está ligado ao assunto que a escola de samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.
Samba de partido alto
Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É o estilo dos grandes mestres do samba.
Pagode
Nasceu em São Paulo na década de 1980 e ganhou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às letras simples e românticas. Em alguns grupos o apelo erótico estava presente.
Samba-canção
Surge na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto.
Samba carnavalesco
Sambas feitos para dançar e cantar nos bailes carnavalescos.
Samba-exaltação
Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento de orquestra. Exemplo: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Samba de breque
Este estilo tem momentos de paradas rápidas, no qual o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva.
Samba de gafieira 
Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e muito forte na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.
Sambalanço
Surgiu na década de 1950 em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.


AULAS PARA MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA


JUNTA PANELA


sexta-feira, 6 de março de 2015

ISTO É TRISTE MAIS É REALIDADE NA GAVIÕES DA ILHA SÃO CHAMADOS DE COLABORADORES

“Ingrata vida do componente”, por Paulo Fabião.

Matéria atualizada 3 de março de 2015 às 18:00
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Carnaval acabou, mas logo começa outro e por mais que nós o amamos, nestes dias onde o pós ainda é muito recente, saturação geral e até certo cansaço sobre o tema, assola nossas mentes. Por este motivo, não vou falar do campeonato, resultado, jurado, alegoria, beijo do Neguitão, ou qualquer tema que ainda está fresco. Nesta coluna de ressaca, falarei de um tema geral, mas não menos importante: O componente!
Em teoria componente é tudo mundo que desfila em uma Escola de Samba, vide as fichas técnicas: “Tal agremiação desfilará com 3.000 componentes”. Entretanto, na prática componente são aqueles que não são diretores, não possuem cargos, não tocam na bateria, nem são comissões de frente, passistas, destaques de alegorias, compositores ou velha-guarda. Componente é aquele que sai de fantasia comum em ala.
Pelo fato de, aparentemente, não ter outra função além de obter sua fantasia, vesti-la e desfilar, ele é tratado como ser inferior, para não dizer “semi-marginalizado”. Todo mundo que sai ou já saiu como componente, certamente já ouviu de alguém: “Ele não tem função nenhuma aqui, é APENAS um componente!”.
Porém, este “apenas” é muito relativo. A importância já deve ser dada pelo fato de 65% de um desfile só acontecer devido à existência de seres que se dispõem a vestir uma fantasia e compor uma ala. Mesmo assim, muitos ainda poderão dizer que o componente tem importância reduzida, pois não tem destaque nenhum, é apenas uma pequena parte de um todo (ala).
Na minha opinião, justamente esta despreocupação em obter algum destaque,  é o que dá uma grande importante ao posto de componente! Ele está ali pelo prazer, só! Não tem obrigação nenhuma, inclusive a agremiação que ele desfila, foi escolhida simplesmente por amor, identificação, ou pelo menos, simpatia!
Além da pouca, ou nenhuma valorização, o componente enfrenta uma saga que pouco se dão conta:
O componente (exceto as alas de comunidade, mas isso nem todas, Agremiações tem) paga caro por sua fantasia! Além de dinheiro, se gasta tempo, pois ele vai à sua quadra ensaiar, além dos técnicos no Sambódromo. Ensaios estes que ele tem que aprender a cantar o samba-enredo (com empolgação) e quase sempre uma coreografia “natural” do mesmo.
No dia do desfile, o componente faz tudo, menos se divertir e brincar o carnaval! Além de vestir uma fantasia que quase nunca é confortável (cabeça, costeiro, sapatilha, etc…), ele é obrigado a chegar à quadra de sua agremiação muitas horas antes do desfile, e á partir de então, ele é proibido de comer, beber e fumar.
No desfile, ele tem poucos mais de 20 minutos para desfilar, e tem que ficar enfileirado de maneira correta na sua ala, assim, tendo pouca ou nenhuma liberdade para brincar, e jamais pode esquecer-se de desfilar cantando o samba e fazendo a coreografia aprendida nos ensaios!
Vale lembrar que durante todo este processo, desde seu primeiro ensaio até o desfile, certamente o componente recebeu muitas ordens, gritos e xingos de seus coordenadores de evolução e harmonias, mas dificilmente, ou nunca, receberá um mísero muito obrigado, mesmo no caso de título. Em algumas comemorações de título inclusive, componentes não são nem informados ou convidados!
Componente pode ser e sempre será anônimo, mas eles são verdadeiros heróis do carnaval!

VELHA GUARDA A SABEDORIA NAS ESCOLAS DE SAMBA

Velha guarda

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velha_guardaA velha-guarda é um grupo de sambistas mais antigos, quase sempre já bastante idosos, muitas vezes fundadores das escolas, que não mais ocupam cargos dentro da hierarquia da agremiação, mas que constituem um departamento à parte, e no Carnaval desfilam em posições de honra, trajando não fantasias de carnaval convencional, mas roupas de gala, típicas de sambistas, como por exemplo ternos nas cores da escola e chapéus em estilo Panamá.

HISTORIA COMISSÃO DE FRENTE VEJA COM NASCERÃO







Comissão de frente

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Comissão de Frente Tucuruvi 2010











“Várias são as histórias que se contam da Comissão de Frente em uma Escola de Samba: uns dizem que ela nasceu da necessidade que se tinha no passado de proteger os componentes da pancadaria da policia, pois para quem não sabe, até os idos de 1960, os que lutavam para preservar essa cultura de raiz afro-brasileira, sofriam a mais ferrenha das perseguições por parte da classe dominante.Então, para evitar essa violência, as Escolas de Samba convidavam pessoas influente da comunidade (médicos, advogados, donos de lojas,etc), para sair na frente da Escola. Quando a policia chegava, ao ver aquelas pessoas, recuavam em suas intenções. Outros dizem que a Comissão de Frente (no Rio de Janeiro)foi criada para enaltecer ou reverenciar os mais antigos componente e diretores da entidade.
Todavia, acontece que o samba é dinâmico e vive sofrendo metarmofoses constantes e a comissão de frente passou a ter significado especial por contar pontos, nos desfiles. Portanto, foi por essa razão que as escolas de samba tiveram que se aprimorar e hoje as Comissões de Frente normalmente são trazidas dentro do enredo e fazem coreografias especiais, para poderem impressionar melhor os jurados, muito embora algumas Escolas ainda mantenham a Comissão de Frente dentro do tradicional, ou seja, em traje de gala (Smoking, Fraque,
Samer, etc).
Comissão de Frente Rosas de Ouro 03











Em São Paulo hoje são exigidos pelo regulamento no mínimo 6 e no máximo 15 elementos devidamente trajados, mantendo a identidade nas vestimentas, da cabeça aos pés, ou seja, não poderá um componente estar com sapato diferente ou faltando um cravo na lapela, se os demais assim estiverem, bem como a coreografia deverá ser perfeita ( se houver). Caso a Comissão de Frente desfile de forma a um elemento não ficar atrás dos demais, assim como os cumprimentos ao público e aos jurados terão que ser uniformes.
A Comissão de Frente poderá ser masculina, feminina, mista ou até formada por crianças e pode desfilar andando, evoluindo coreograficamente ou até sambando moderadamente, na marcação do samba, desde que tenha uniformidade. Não há obrigatoriedade da Comissão permanecer parada diante dos jurados, porém este deverá anotar os mínimos detalhes, recomendando – se ao mesmo que amplie o seu campo de visão, utilizando – se de uma luneta.
Finalizando, o jurado devidamente preparado para julgar uma Comissão de Frente deve atentar para o seguinte: adequação, beleza das roupas, elegância que é a sincronização do movimentos, integração, adaptação ao conjunto da Escola.
Fonte: Maria Apparecida 

CARTA DO SAMBA VOCÊ SABE O QUE É?

Boletim Carta do Samba

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Centenário de Edson Carneiro e 50 anos da carta do samba

capa_revista_antiga
Dia 02 de Dezembro, comemorou-se o dia Nacional do Samba, este que tornou-se patrimônio imaterial da Cultura brasileira.
Mas dois momentos importantes relativos a essa data, passaram em branco aqui pelos lados de Sampa, inclusive por mim que faço parte da embaixada do Samba Paulistano e estou sempre atento as datas comemorativas que reverenciam o trabalho de nosso povo.
Primeiro o Centenário do grande mestre Edson Carneiro, estudioso do Samba e suas manifestações, que muito contribuiu para que nossa cultura fosse levada a sério.
Segundo os 50 anos do lançamento do manifesto intitulado “a carta do Samba” realizado no dia 02 de Dezembro de 1962, originando ai “O dia Nacional do Samba“.

Quem foi Edison Carneiro?

Nascido e criado na Bahia, onde cresceu numa grande casa que acolhia amigos de juventude para debates e reuniões sobre literatura e questões político-sociais, pela qual circulavam Jorge Amado, Guilherme Dias Gomes, Aydano Couto Ferraz, entre outros, Edison Carneiro teve seu interesse pela escrita e pelo estudo ali despertado, e nesse contexto fundou a Academia dos Rebeldes, com poetas, romancistas, cronistas e amigos.
Em 1936, o amigo Jorge Amado publicou no jornal O Estado da Bahia artigo sobre Edison Carneiro, por ocasião do lançamento de seu livro Religiões Negras, afirmando: “eu o admiro e o amo como a um irmão que sabe muito, que todo dia me ensina uma coisa nova”.
Já no Rio de Janeiro, na década de 1940, atuando em várias frentes de trabalho, publicou Candomblés da Bahia (1948), Antologia do Negro Brasileiro (1950), Dinâmica do Folclore (1950), Linguagem Popular da Bahia (1951), O Negro em Minas Gerais (1956), A Sabedoria Popular (1957), Samba de Umbigada (1961), O Folclore no Brasil (1963) e Ladinos e Crioulos (1964).
Em 1961 assumiu a direção da então Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, hoje Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, empreendendo nova dinâmica à instituição. Acalentando novos projetos, logo no início de seu mandato inaugurou a Biblioteca Amadeu Amaral e criou a Revista Brasileira de Folclore. Imbuído desse espírito de vanguarda, em dezembro de 1962 redigiu a Carta do Samba, publicada durante o encerramento do 1º Congresso Nacional do Samba. Nela propõe “medidas práticas e de fácil execução para preservar as características tradicionais do samba”. Registre-se que apenas a partir do ano 2000 surge uma legislação própria para a preservação de bens de natureza imaterial. Agora em 2012 também comemoramos o cinquentenário da “Carta”.
Edison foi demitido do cargo de diretor pelo regime militar em 1964.

Sobre o dia nacional do samba

Há alguns anos o dia 2 de dezembro vem se destacando no calendário cultural, como o “Dia Nacional do Samba”. A cada ano mais e mais instituições promovem eventos comemorativos à data do mais importante gênero musical brasileiro, sem, no entanto, esclarecer sobre, afinal, que fato histórico tornou esta data um dia marcante para o mundo do samba.
Admirador do gênero desde que nasci no famoso bairro de Oswaldo Cruz, sempre me inquietei por não ter essa questão respondida e por comemorar o samba em uma determinada data sem saber por quê.. Com a proximidade das comemorações do ano passado resolvi matar a minha curiosidade e desvendar o mistério.
De fato, depois de algumas consultas e pouca pesquisa, fui pego de surpresa com o que descobri. Partindo de apenas uma pista: a que dizia que o responsável pela indicação da data teria sido o então presidente da Confederação Brasileira das Escolas de Samba (CBES), Paulo Lamarão, situei o cenário onde tudo aconteceu: o I Congresso Nacional do Samba, realizado no Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, entre 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962 e, patrocinado pela CBES em conjunto com a também extinta Associação Brasileira das Escolas de Samba (ABES), a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, o Conselho Federal de Cultura e a Ordem dos Músicos do Brasil.
Neste importante cenário foi sancionado a lei estadual do deputado Frota Aguiar declarando o dia 2 de dezembro, Dia do Samba, a partir do documento intitulado “Carta do Samba”, datado em 2 de dezembro de 1962 e, que continha recomendações formuladas no congresso por compositores, intérpretes, sambistas, estudiosos e admiradores. A carta tinha como objetivo preservar as características
tradicionais do samba e fazer frente às ameaças internas (samba-bolero, samba-choro, bossa nova, etc) e externas (rock, twist, etc), que segundo o teor do documento, poderiam causar desvirtuamento à origem do gênero.
Só para se ter uma ideia inicial, o Congresso discutiu em comissões, durante cinco dias, temas como ” A preservação das características tradicionais do samba”, “Os aspectos positivos e negativos da comercialização”, “Aspectos da instrumentação e orquestração”, “Coreografia”, “Proteção aos direitos de autor”, “Divulgação do samba no exterior”, “Fusão da CBES com a ABES” e a “Criação do Palácio do Samba”. Nessas discussões participaram, nada mais, nada menos, que figuras como Pixinguinha, Ari Barroso, Aracy de Almeida, Almirante, Pascoal Carlos Magno, Jota Efegê, José Ramos Tinhorâo, Paulo Tapajós, Donga, Sergio Cabral, Haroldo Costa, Marilia Batista, Paulo Lamarão (CBES), Servan Heitor de Carvalho (ABES), o maestro José Siqueira (Ordem dos Músicos) e o professor Edison Carneiro, relator das recomendações, que se transformaram nessa histórica “Carta do Samba”.
Segundo o relator, o Congresso Nacional do Samba valeu por uma tomada de consciência: aceitou-se a evolução normal do samba como expressão das alegrias e das tristezas do povo, mas também reconheceu-se os perigos que cercam essa evolução, buscando encontrar modos de neutralizá-los, sem uma conotação saudosista.
Certamente esse evento histórico valeu e valerá por muitos mais. Se ele não tivesse existido, não teria me dado tanta alegria e emoção por redescobri-lo, não teria nos dado um dia para comemorar e, não teria dado a pista para refrescar a memória do traço cultural que mais nos distingue como nacionalidade.
Essa memória, portanto, pertence a todos nós brasileiros, foi construída de ações humanas que mostram melhor o seu valor quando vistas com a lente do tempo. Por isso, não basta só comemorar, é preciso proteger e homenagear os nossos velhos e grandes sambistas, não só aqueles que nos deram esse fato para recordar, mas também aqueles que lutam diariamente para sobreviver e fazer sobreviver o nosso samba.

Jair Martins de Miranda (Produtor Cultural e um dos idealizadores do II Congresso do Samba)

50 anos após, esta data memorável, quase nos passa em branco, não fosse um lembrete dado num final do evento realizado no Museu Afro Brasil, para as comemorações do 20 de Novembro, informando da realização do II Congresso Nacional do Samba no Rio de Janeiro e nossa busca incessante por informações sobre o evento e como participar, talvez não estaríamos aqui neste momento falando deste maravilhoso evento e como foi nossa participação.
A distancia de São Paulo ao Rio de Janeiro são de 400 quilometros, mas em termos de investimento na cultura do Samba, a distancia parece daqui no Japão, primeiro porque no Rio, existe um investimento maciço dos órgãos governamentais, federal, estadual e municipal, para que as escolas de samba e entidades carnavalescas se organizem. Enquanto isso aqui em “Sampa“ ate agora, Dezembro de 2012, não havia sido assinado o contrato de carnaval entre os órgãos governamentais e as entidades que cuidam do espetáculo, isso só dificulta as entidades mais carentes, situadas na periferia de se prepararem para produzirem um grande espetáculo.
Essa falta de compromisso alinhada com o pensamento de algumas entidades na qual os presidentes se intitulam donos, montam a diretoria composta de parentes, não prestam contas a ninguém, e não vê a hora de receberem a verba destinada a entidade, para gastos em utensílios no mínimo duvidosos, nos levam ao descredito.
Esse e outros assuntos relevantes, foram pauta de discussões no II Congresso Nacional do Samba realizado na UNIRIO realizado nos dias 30 de Novembro com abertura na Camara Municipal do Rio de Janeiro, e 1 e 2 de Dezembro, pelo portal do carnaval que teve como temas no dia 01\12: I – A diversidade do Samba e o Patrimônio Cultural, II- O Samba e suas performances, III- Samba Carnaval e Redes Sociais, IV – Samba Carnaval e Direitos Autorais.
Dia 02\12: Temas I – Samba Economia Criativa do Carnaval e Globalização, II – Samba e Territorialidade, todos os temas seguiram-se de mesas redondas onde diversos pesquisadores apresentaram trabalhos de pesquisa e debateram com a comunidade esse rico momento.
O que nos surpreendeu foram o grande numero de jovens estudando este tema, e a quantidade de trabalhos inscritos para a seleção no congresso. Em nossa opinião, existe um distanciamento muito grande aqui em “Sampa“ entre os que estudam as performances do Samba e os dirigentes da maioria das entidades que congregam os mesmos.
Por isso, aqui vai uma alerta, Cuidado: “O Samba nosso de cada dia`, foi declarado como “Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro`, isso quer dizer que Escola de Samba não tem dono, nosso dever como “Embaixador de Samba Paulistano` e alertar, e apontar caminhos, o resultado final do II Congresso Nacional do Samba, pode ser um bom caminho a seguir.

CORTE DO CARNAVAL DE SÃO PAULO

Corte do carnaval

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Rei Momo

Rei Momo é considerado o dono do Carnaval, é quem comanda a folia. Possui uma personalidade zombeteira, delirante e sarcástica. Vindo da mitologia grega, ele é filho do sono e da noite, e acabou expulso do Olimpo – morada dos deuses – porque tinha como diversão ridicularizar as outras divindades.
Hoje existe concurso para a escolha do Rei Momo em vários estados do país. Para participação do certame é preciso ser muito simpático e esbanjar alegria, além de pesar no mínimo 80 quilos.Considerando-se os problemas de saúde causados pelaobesidade.
As características do rei momo em especial o peso, representam a fartura da “terça feira gorda” que antecede a quarta feira cinzas.

Rainha e Princesas do Carnaval

São as que cortejam a folia, junto com o rei momo. sendo que as princesas são do nível inferior, algumas delas após o reinado se tornam rainhas ou madrinhas de bateria. assim como algumas rainhas ou madrinhas que viram rainhas e princesas do carnaval. em alguns lugares, rainhas e princesas também desfilam como rainha ou madrinha de bateria.
Fonte: Maria Apparecida Urbano

MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA APRENDA

Mestre-sala e Porta-bandeira

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mestresala_portabandeira_02“ No passado, a grande glória de uma Escola de Samba era arrebatar a bandeira da concorrente. Isso acontecia na década de 60, quando as Escolas ainda não participavam de desfiles oficiais promovidos pelo poderes públicos, mais sim por alguns jornais, rádios ou até particulares. Ocorria que, por falta de estrutura, as Escolas vinham de diversos pontos da cidade (Rua Direita,Viaduto do Chá, etc) e a mais fraca tinha que ceder passagem às mais tradicionais. Caso isso acontecesse, “o pau comia” e a bandeira era arrebatada como troféu.
Até então, somente existia a Porta – bandeira (estandarte), muitas vezes, eram homens fantasiados de mulher para aguentar a briga.Porém, com o passar dos tempos, houve a necessidade de um Guardião para a bandeira, surgindo, posteriormente, a figura do mestre – sala.
Hoje, a porta – bandeira é a figura principal de uma Escola de Samba, pois a ela cabe a honra de conduzir o pavilhão (bandeira) da entidade. Tem que mostrar garbo, graça, elegância e dançar com desenvoltura e movimentos distintos sem visagens desnecessárias.
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O mestre sala, como já citamos, é o guardião da bandeira e deve chamar a atenção sempre para o pavilhão e para a graça de sua port bandeira. Portanto sua dança, apesar de livre (cabendo todo tipo de malabarismo), não deve arrebatar para si a principal atração, voltando se para seu par, com movimentos naturais como se fosse um lorde em Baile na Corte.
Cabe ao mestre sala e a porta bandeira um perfeito entrosamento e uma identidade plena, pois um depende do outro, os dois dançam conjuntamente, fazendo movimentos sincronizados. Quando bem ensaiados, formam um casal perfeito, criando uma variedade de passos e entendem se por um simples olhar.
Se o par estiver mal ensaiado, ou um não estiver à altura do outro, é quase certo que dançam alheios, ou seja, cada um para si, a maior parte do tempo, o mestre sala tentará suprir a deficiência da porta bandeira com mil malabarismos, esquecendo se da sua função e vice e versa, a porta bandeira estará distante do mestre sala, procurando chamar para si todas as atenções.
Neste caso, cabe ao jurado observar com o devido cuidado, pois, uma das formas de envolver o jurado é justamente fazer com que um excelente mestre sala acompanhado de uma má porta bandeira faça mil malabarismos, chamando a atenção para si, desviando a da porta bandeira.
Não é admissivel um mestre sala dar cambalhotas, colocar as mãos e os joelhos no chão, dar cabeçadas na bandeira, tudo isso demostra a falta de entrosamento do par.
As notas são atribuidas ao par, portanto, um deve trabalhar em função do outro e constantemente. Isso deve acontecer até quando a porta bandeira gira, ocasião em que não há possibilidade de contato físico.Mesmo distante, o mestre sala deve dançar o tempo todo em função da porta bandeira, todos os seus gestos devem estar voltados para o pavilhão.
Mestre sala e porta bandeira deverão manter identidade nos trajes, ou seja, não poderão estar vestidos de forma diferente nas cores, tipos de fantasias, etc. As fantasias deverão ser bem cuidadas, para que os jurados possam detacá – las.
As normas para julgamento do casal são as seguintes:simpatia que se irradia do sorriso de ambos e no entrosamento, uniformidade, continuidade e inalterabilidade, identidade nas fantasias, empolgação, alegria, elegância e espontaneidade.
Fonte: Maria Apparecida Urbano

HISTORIA DO SAMBA DE SÃO PAULO

Linha do tempo

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De onde veio o samba? Quais são suas raízes? Quando começou a se pensar em Carnaval? Por quais transformações ele passou até ser o que é hoje? Entenda tudo isto na nossa linha do tempo.

Século XV

Africanos moradores da colônia portuguesa da Angola, no Centro-Oeste da África, homenageavam a Deusa da Fertilidade de sua religião através de uma dança ritual. Um dos passos é a umbigada, encontro da região do ventre dos corpos do dançarino e da dançarina. Não era um ato libidinoso, nem carregado de sensualidade, mas uma forma ritualizada de se louvar a fertilidade da natureza. Essa prática foi conservada no “Jongo”, dança com fundamento religioso.

Meados dos séculos XVI e XVII

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Negros oriundos do Oeste e Centro-Oeste da África chegam aos portos de Salvador e Recife para serem vendidos aos proprietários dos engenhos de cana-de-açúcar do Nordeste. Cerca de 70% dos africanos que foram submetidos a escravidão vieram destas regiões.  Mais tarde, a decadência da economia açucareira levou ao deslocamento da mão de obra escrava para as plantações de café que floresceram na região de São Paulo.

1820

Na então Província de São Paulo, o trabalho escravo consolidou-se. O ritmo tocado nas festividades e rituais religiosos estruturou-se e fortaleceu-se nas grandes fazendas de cana-de-açúcar e café. A batida de grandes bumbões, feitos de tronco de árvore e recobertos com couros de animais, era tocada para ritmar as danças realizadas nas senzalas e terreiros. O som grave e profundo se tornou marca do samba paulista.
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1850

A partir da metade do século XVIII não era mais possível importar escravos diretamente da África, uma prática utilizada pelos fazendeiros paulistas para manter o avanço da cafeicultura. Sendo assim os fazendeiros traziam de outras regiões do Brasil, em especial do Nordeste, escravos que lá estavam. Então, numa fusão de culturas, o samba de roda dos escravos nordestinos e o Jongo dos escravos paulistas deram origem ao famoso samba de bumbo.

1900

bixiga
Bairro de Bexiga, em São Paulo, em 1900
Esta mistura (que vicejou em muitas cidades interioranas como Itú, Campinas, Capivari, Tietê, Piracicaba e também em Vinhedo, no bairro da Capela) foi levada, no final do século XIX e primeiros anos do XX, para a capital do estado de São Paulo pelos negros que, já libertos da escravidão, não encontravam trabalho na lavoura, devido às várias crises passadas pela cafeicultura. Eles tiveram, então, que buscar uma ocupação urbana na capital do estado, cidade que, nesse período, crescia e se industrializava rapidamente, atraindo, por isso, muitos migrantes provindos do interior. Ali, esses migrantes interioranos se fixaram nas regiões em que condições adversas (sejam enchentes constantes ou encostas muito íngremes) dificultavam uma ocupação urbana pelas classes abastadas. Nesses terrenos pouco valorizados formaram-se assim os três grandes territórios negros tradicionais da cidade de São Paulo pós-escravidão: Barra Funda, Bexiga e Baixada do Glicério.

1910

cordoes negros
Cordões Negros do Carnaval Paulista, em 1914
O samba nas primeiras décadas do século XX passou a ganhar novas forças nas cidades paulistas, através do Carnaval. Nessa época eram os cordões que faziam sucesso no Carnaval negro, uma manifestação popular ainda em fase de consolidação. A princípio, os cordões se apresentavam ao som de marchas sambadas compostas pelos próprios sambistas, porque elas permitiam um desfile cheio de evoluções, realizado para agradar um público ainda em fase de conquista e sempre sob o beneplácito, cuidadosamente negociado com a polícia.
Carnaval da elite paulistana, na Avenida Paulista, em 1910
Carnaval da elite paulistana, na Avenida Paulista, em 1910

1920 e 1930

Intelectuais como Mário de Andrade e Mário Wagner da Silva definem o samba paulista como samba rural. Outras definições surgem como samba de roda, samba de bumbo ou samba de lenço. O samba foi chegando ao território urbano e tomando seu lugar nas cidades interioranas paulistas, através das festas profano-religiosas, sendo cantado e dançado na Festa de Coroação dos Reis do Congo, durante a fase da escravidão e mais tarde na Festa de Santa Cruz ou na Festa de São Benedito. Essa era uma estratégia para que ele fosse aceito entre os senhores mais renitentes, pois se louvava o Santo homenageado naquele dia, cantando e dançando o samba que deixava, assim, de ser visto como uma dança de negro ou ligada às práticas religiosas africanas, tornando-se gradativamente uma dança cristianizada. Deste modo, Campinas se torna uma força legendária nas disputas sambísticas de Pirapora do Bom Jesus. Alceu Maynard de Araújo, um importante estudioso do folclore paulista, dizia que o batuque no estado de São Paulo é “uma dança de terreiro”, mas o batuque em Campinas, dizia ele, era chamado de Cayumba e nele estavam presentes o tambu, o quinjengue ou molemba e o urucungo, definindo assim a percussão original para a realização do samba.

1950

02IDE807Após a Segunda Guerra Mundial, bairros como Casa Verde, Peruche, Vila Matilde, ou Taboão se constituíram com grande concentração de população Afro-descendente, onde o samba até hoje é uma força tradicional e agregadora. Nesses bairros onde viviam os negros e os brancos pobres,  o samba foi aprendido e dançado pelos imigrantes, fossem eles de origem portuguesa, italiana ou espanhola, pois sendo vizinhos e companheiros nas duras lides cotidianas necessárias para se obter uma subsistência mínima, eram também parceiros nos momentos de consagração . O samba ganha assim um caráter integrador, pois através da música e da dança, esses novos brasileiros, também pobres e migrantes, vão conseguindo seu lugar nos espaços econômico, cultural e de lazer das cidades que se desenvolviam. Adoniran Barbosa (que foi nascido e crescido em Valinhos e cujo nome de batismo era João Rubinato), Chico Pinga (E.S. Lavapés) e Tókio (chefe de Bateria da Nenê de Vila Matilde), além de Germano Matias são exemplos de brancos, filhos de imigrantes, que muito contribuíram para o samba paulista.
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Os sambistas, negros e brancos, não se esqueciam das suas profundas raízes rurais e pelo menos uma vez por ano retornavam ao interior para, em Bom Jesus de Pirapora, se encontrarem com outros grupos de sambistas vindos de outras cidades. Ali, além de louvar ao Bom Jesus, promoviam acirradas disputas de samba, feitas de improviso, criadas coletivamente e dançadas nos grandes barracões que serviam de alojamento aos romeiros. Era naquele lugar que os paulistanos se embebiam de suas raízes e tradições afro-rurais para continuar montando seus cordões carnavalescos e manifestações urbanas, no entanto, com forte e decisiva influência do Jongo, do samba de roda, do samba de bumbo. Foi esse intenso contato que trouxe para São Paulo uma primeira leva de sambistas tradicionais, nascidos e formados no interior do Estado e que criaram e mantiveram os cordões com seus constantes e quase obrigatórios retornos anuais à Pirapora, até os anos 50. Os sambas tipicamente paulistas resultam de uma tradição cultural que vinha com o povo negro dos confins do Estado, urbanizando-se e fortalecendo-se na capital, tendo por base a manifestação carnavalesca dos Cordões. Ela continuou ainda por algumas décadas sendo mantida nas reuniões realizadas nos dias de festas religiosas negras, na Barra Funda ou no Jabaquara. Esse samba, que de rural se tornou urbano e carnavalesco, deixou marcas indeléveis na história do grupo afro-paulista.

1960 e 1970

O Carnaval foi oficializado pelo prefeito carioca, Faria Lima, que solicitou a um “carnavalesco”, também carioca, que redigisse os regulamentos do desfile de Momo. Esse “carnavalesco”, apelidado Jangada, desconhecendo a realidade do samba paulista, redigiu um regulamento inteiramente baseado nas escolas de samba cariocas, forçando assim todos os cordões, no curto período de quatro anos, de 1968 a1972, a se transformarem em manifestações assemelhadas às da Capital da República, apagando assim essa rica trajetória cultural que hoje estamos reconstruindo juntos.

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Illustratus: Carnaval em décadas: Foliões em desfile de carnaval paulistano. Cordões, escolas e ranchos no Carnaval
SP. Desfile na Avenida Prestes Maia em 1969. ...

Nenê de Vila Matilde - Desfile Oficial 2015 - SRZD-Carnaval/SP

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