MINHA PAIXÃO MEU AMOR MINHA ALEGRIA

segunda-feira, 9 de março de 2015

A ORIGEM DO SAMBA


Com presença e mistura de elementos culturais, musicais e religiosos de origens africana e brasileira, surge o samba com uma participação marcante na nossa história. Sem mencionar ainda as suas variações que surgiram posteriormente, na sua forma mais tradicional o Samba é tocado com instrumentos de percussão, tambores, surdos, pandeiro e timbau, acompanhados por violão e cavaquinho.
Simbolizando primeiramente a dança para anos mais tarde se transformar em composição musical, o samba, antes denominado "semba", ritmo de matriz africana que exerceu influência direta na sua origem, foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, lundu, chula, maxixe, batucada e outras diversas nomenclaturas de cunho popular.
O termo "semba" - também conhecido por umbigada ou batuque - designava um tipo de dança de roda praticada em Luanda (Angola) e em várias regiões do Brasil, principalmente na Bahia.
Do centro de um círculo e ao som de palmas, coro e objetos de percussão, o dançarino solista, em requebros e volteios, dava uma umbigada num outro companheiro a fim de convidá-lo a dançar, sendo substituído então por esse participante. A própria palavra samba já era empregada no final do século XIX dando nome ao ritual dos negros escravos e ex-escravos.

Geralmente as letras de sambas contam a vida e o cotidiano de quem mora nas cidades, com destaque para as populações pobres. O termo samba é de origem africana e tem significado ligado a danças típicas tribais do continente. Suas raízes foram fincadas em solo brasileiro na época do Brasil Colonial, com a chegada da mão-de-obra escrava em nosso país.
Primeira composição classificada como samba a alcançar o sucesso, "Pelo Telefone" marca o início do reinado da canção carnavalesca. É a partir de sua popularização que o carnaval ganha música própria e o samba começa a se fixar como gênero musical. Desde o lançamento, quando apareceram vários pretendentes à sua autoria, e mesmo depois, quando já havia sido reconhecida sua importância histórica, essa melodia seria sempre objeto de controvérsia, tornando-se uma de nossas composições mais polêmicas em todos os tempos.
Quase tudo que a este samba se refere é motivo de discussão: a autoria, a afirmação de que foi o primeiro samba gravado, a razão da letra e até sua designação como samba. Todas essas questões, algumas irrelevantes, acabaram por se integrar à sua história, conferindo-lhe mesmo um certo charme. "Pelo Telefone" tem uma estrutura ingênua e desordenada: a introdução instrumental é repetida entre algumas de suas partes (um expediente muito usado na época) e cada uma delas tem melodias e refrões diferentes, dando a impressão de que a composição foi sendo feita aos pedaços, com a junção de melodias escolhidas ao acaso ou recolhidas de cantos folclóricos.
Uma das versões de relata que a música foi criada coletivamente numa festa na casa da baiana, residente no Rio, Hilária Batista de Almeida, conhecida como Tia Ciata, cuja residência era uma pequena África respeitada por todos e que abrigava múltiplas influências, como as dos migrantes nordestinos e de raízes indígenas e européias –, mas registrada por Donga. A composição fala do cotidiano da população da cidade, introduzindo o telefone, meio de comunicação utilizado então por uma minoria.
PELO TELEFONE (1917)

O chefe da folia
Pelo telefone
Manda me avisar
Que com alegria
Não se questione
Para se brincar

Ai, ai, ai
Deixa as mágoas para trás
Ó rapaz
Ai, ai, ai
Fica triste se és capaz
E varás
Tomara que tu apanhes
Não tornes a fazer isso
Tirar amores dos outros
Depois fazer teu feitiço
Olhe a rolinha
Sinhô, sinhô
Se embaraçou
Sinhô, sinhô
Caiu no laço
Sinhô, sinhô
Do nosso amor
Sinhô, sinhô
Porque este samba
O chefe da polícia
Pelo telefone
Manda me avisar
Que na carioca
Tem uma roleta
Para se jogar...

Sinhô, sinhô
É de arrepiar
Sinhô, sinhô
Põe a perna bamba
Sinhô, sinhô
Mas faz gozar
Tempos depois, o samba toma as ruas e espalha-se pelos carnavais do Brasil. Neste período, os principais sambistas são: Sinhô Ismael Silva e Heitor dos Prazeres.

Na década de 1930, as estações de rádio, em plena difusão pelo Brasil, passam a tocar os sambas para os lares. Os grandes sambistas e compositores desta época são: Noel Rosa autor de Conversa de Botequim; Cartola de As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi de O Que É Que a Baiana Tem? Ary Barroso, de Aquarela do Brasil; e Adoniran Barbosa, de Trem das Onze.
Na década de 1970 e 1980, começa a surgir uma nova geração de sambistas. Podemos destacar: Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc.
Outros importantes sambistas de todos os tempos: Pixinguinha, Ataulfo Alves, Carmem Miranda (sucesso no Brasil e nos EUA), Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.
Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo
Os tipos de samba mais conhecidos e que fazem mais sucesso são os da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. O samba baiano é influenciado pelo lundu e maxixe, com letras simples, balanço rápido e ritmo repetitivo. A lambada, por exemplo, é neste estilo, pois tem origem no maxixe.

No Rio de Janeiro, o samba está ligado à vida nos morros e transforma-se no samba-de-roda. As letras falam da vida urbana, dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma amena e muitas vezes com humor.

Entre os paulistas, o samba ganha uma conotação de mistura de raças. Com influência italiana, as letras são mais elaboradas e o sotaque dos bairros de trabalhadores ganha espaço no estilo do samba de São Paulo.
Principais tipos de samba
Samba-enredo
Surge no Rio de Janeiro durante a década de 1930. O tema está ligado ao assunto que a escola de samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.
Samba de partido alto
Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. É o estilo dos grandes mestres do samba.
Pagode
Nasceu em São Paulo na década de 1980 e ganhou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às letras simples e românticas. Em alguns grupos o apelo erótico estava presente.
Samba-canção
Surge na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto.
Samba carnavalesco
Sambas feitos para dançar e cantar nos bailes carnavalescos.
Samba-exaltação
Com letras patrióticas e ressaltando as maravilhas do Brasil, com acompanhamento de orquestra. Exemplo: Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Samba de breque
Este estilo tem momentos de paradas rápidas, no qual o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva.
Samba de gafieira 
Foi criado na década de 1940 e tem acompanhamento de orquestra. Rápido e muito forte na parte instrumental, é muito usado nas danças de salão.
Sambalanço
Surgiu na década de 1950 em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário