Mestre-sala e Porta-bandeira
“ No passado, a grande glória de uma Escola de Samba era arrebatar a bandeira da concorrente. Isso acontecia na década de 60, quando as Escolas ainda não participavam de desfiles oficiais promovidos pelo poderes públicos, mais sim por alguns jornais, rádios ou até particulares. Ocorria que, por falta de estrutura, as Escolas vinham de diversos pontos da cidade (Rua Direita,Viaduto do Chá, etc) e a mais fraca tinha que ceder passagem às mais tradicionais. Caso isso acontecesse, “o pau comia” e a bandeira era arrebatada como troféu.
Até então, somente existia a Porta – bandeira (estandarte), muitas vezes, eram homens fantasiados de mulher para aguentar a briga.Porém, com o passar dos tempos, houve a necessidade de um Guardião para a bandeira, surgindo, posteriormente, a figura do mestre – sala.
Hoje, a porta – bandeira é a figura principal de uma Escola de Samba, pois a ela cabe a honra de conduzir o pavilhão (bandeira) da entidade. Tem que mostrar garbo, graça, elegância e dançar com desenvoltura e movimentos distintos sem visagens desnecessárias.
O mestre sala, como já citamos, é o guardião da bandeira e deve chamar a atenção sempre para o pavilhão e para a graça de sua port bandeira. Portanto sua dança, apesar de livre (cabendo todo tipo de malabarismo), não deve arrebatar para si a principal atração, voltando se para seu par, com movimentos naturais como se fosse um lorde em Baile na Corte.
Cabe ao mestre sala e a porta bandeira um perfeito entrosamento e uma identidade plena, pois um depende do outro, os dois dançam conjuntamente, fazendo movimentos sincronizados. Quando bem ensaiados, formam um casal perfeito, criando uma variedade de passos e entendem se por um simples olhar.
Se o par estiver mal ensaiado, ou um não estiver à altura do outro, é quase certo que dançam alheios, ou seja, cada um para si, a maior parte do tempo, o mestre sala tentará suprir a deficiência da porta bandeira com mil malabarismos, esquecendo se da sua função e vice e versa, a porta bandeira estará distante do mestre sala, procurando chamar para si todas as atenções.
Neste caso, cabe ao jurado observar com o devido cuidado, pois, uma das formas de envolver o jurado é justamente fazer com que um excelente mestre sala acompanhado de uma má porta bandeira faça mil malabarismos, chamando a atenção para si, desviando a da porta bandeira.
Não é admissivel um mestre sala dar cambalhotas, colocar as mãos e os joelhos no chão, dar cabeçadas na bandeira, tudo isso demostra a falta de entrosamento do par.
As notas são atribuidas ao par, portanto, um deve trabalhar em função do outro e constantemente. Isso deve acontecer até quando a porta bandeira gira, ocasião em que não há possibilidade de contato físico.Mesmo distante, o mestre sala deve dançar o tempo todo em função da porta bandeira, todos os seus gestos devem estar voltados para o pavilhão.
Mestre sala e porta bandeira deverão manter identidade nos trajes, ou seja, não poderão estar vestidos de forma diferente nas cores, tipos de fantasias, etc. As fantasias deverão ser bem cuidadas, para que os jurados possam detacá – las.
As normas para julgamento do casal são as seguintes:simpatia que se irradia do sorriso de ambos e no entrosamento, uniformidade, continuidade e inalterabilidade, identidade nas fantasias, empolgação, alegria, elegância e espontaneidade.
Fonte: Maria Apparecida Urbano
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